quinta-feira, 28 de outubro de 2010

semifinal

Algumas coisas permanecem latentes grudadas na realidade diária. Sem concretude, ficam afeitas por desejos extintos.
Um absurdo nada racional.

Eu nunca esqueci o formato do seu corpo nas minhas mãos. O cheiro do nosso sexo, abusado, clandestino.
O acaso não fez o favor de tirar essa lembrança das minhas buscas em outros. Dia sim, dia não. Sim. Não. Comprovo a gravidade da minha situação. "Sem solução". Você tornou-se um problema intransponível.
Agora, só leio histórias de desamor. Tateio nas conjugações dos verbos outros tempos para o meu português gasto. Anseio por literaturas que me libertem do adeus esquecido na cabana daquela praia deserta do nosso namoro de outono.
Tento triunfar perante as horas que não passam. Dia a dia. Dia-a-dia. Passado, futuro.
Ouço jazz, choro blues.
Grito silenciosamente palavras de baixo calão, desqualifico 'nós dois'.
E toda a ausência sua dói mais um pouco, porque não é saudade. Dia a dia. Dia após dia.
Oras! O que mais poderia querer, se não te amo mais.


cena do filme brasileiro "Como esquecer"


Nenhum comentário:

Postar um comentário